domingo, 23 de dezembro de 2012

Clichê


Pensei que fosse soltar fogos quando esse dia chegasse, mas hoje me vejo aqui, sentada de frente a essa banda de jazz com apenas uma taça na mão.
Não que isso seja ruim, pelo contrario, estou sorrindo por dentro.
Não vejo motivos pra um drama, o que vejo hoje é minha total ausência ao romance, não estou falando de relacionamento, mas falo daquilo que toda mulher tem, aquele brilho inconformado quando assiste um filme, ou vai a um casamento, ou qualquer dessas coisas.
Nunca fui também de ficar urrando de romantismo, nunca fui muito de nhenhem
E agora, justamente nessa hora, a banda me toca com um jazz daquele de morrer por dentro, e descubro que me comovo mais com música do que vendo o George Cloney declarar amor eterno a uma atriz qualquer.
O legal é que estou sozinha nesse bar, e só o fato de observar a banda já me causa um efeito avassalador.
Vejo na minha frente dois casais dançando levemente ao som do improviso, eu sorrio leve, sempre quis estar aqui, sempre mesmo...
Não acho que romper laços com o romantismo vá me tornar em uma pessoa má, pelo contrario, eu sinto que foi um dos melhores rompimentos que já passei!
Engraçado que eu sentia pena de pessoas que se encontravam sozinhas em bares ou restaurantes, e aqui estou eu! Brindando um momento que sempre condenei.
Só que nessa noite a lua está alta, forte e firme, e meu sentimento é de total encontro, encontrei de verdade o sentido de estar na hora certa e no lugar certo, incrível como eu achei que esse sentimento se daria quando eu estivesse com alguém, mas hoje pensando bem, eu sou uma excelente companhia.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Milímetro

Sou a favor do zoom, a favor da aproximação.
Daquelas cenas feitas por dois. Da casualidade, da foto de sorriso espontâneo, daquele fechar de olhos intensos.
Se aproximar pode ser perigoso, se aproximar pode ser letal. Uma dose, pronto! Já era! Aquele som alto, não alto, mas do som que invade o ouvido deixando a gente perceber que o cantor tem folego e tem caídas.
Sou a favor do sorriso de olho fechado, sou a favor do som do sorriso. Esse som que mesmo distante você acaba vendo o sorriso, mesmo de olhos fechados.
E aquela bela respiração? Bem perto do outro, daquela respiração de tristeza, que talvez seja só o que o outro quer ouvir.
Sou a favor das palavras sem nexo, sem sentido, daquilo que poucas pessoas sabem. Um código em conjunto.
Sou a favor do encontro, aquele encontro sem querer, aquilo que tava na vida, sem a gente saber.
Sou a favor do coração acelerar por nada, simplesmente por uma música, por um pensamento. Aquele combo de coração e frio na barriga.
Não posso esquecer do arrepio, o arrepio do toque invisível, do vento imprevisível.
Fazer do sorriso, palavras desordenadas, bagunça de cabelo, confusão de fios.
Aquela estrada sem fim, talvez seja mesmo um belo destino, exatamente como uma noiva a cada passo indo em direção ao altar. Leva consigo uma certeza, em cada passo ela joga fora outros destinos.
Acabei andando, tendo a certeza de que nada é tão certo, e nada é tão duro assim.